Tuesday, November 21, 2006

Grandes Pianistas - Grigory Sokolov


Grigory Sokolov

Piano

Nos cerca de quarenta anos que se seguiram à conquista do 1º Prémio no Concurso Internacional Tchaikovsky de Moscovo, por Grigory Sokolov, aos 16 anos de idade, o mundo foi deslumbrado com o que um crítico americano intitulou como "um pianismo, um saber musical e uma arte que pensávamos ter desaparecido para sempre". Figura proeminente da cena musical russa desde a sua juventude, Sokolov ganhou um estatuto quase mítico entre os amantes da música e do piano em particular.
Grigory Sokolov é hoje considerado por muitos como o maior pianista vivo. Desde a sua primeira grande noite em Leninegrado, aos 12 anos de idade, que Sokolov não parou de surpreender o público com o enorme fôlego do seu repertório e com a sua grande força musical. Usando pouco pedal e um superior trabalho de dedos, consegue produzir num concerto uma imensa variedade de sons. Possui uma ilimitada paleta de cores, uma imaginação espontânea e um controle mágico da linha melódica. As suas interpretações são poéticas e idiossincráticas e a sua liberdade rítmica e elasticidade do fraseado são talvez únicas entre os pianistas de hoje.

Os conhecedores da sua arte são particularmente atraídos pela naturalidade da sua postura interpretativa, que faz parte do seu credo artístico. A sua forma de tocar não revela a influência dos mestres do passado, o seu estilo e abordagem são inteiramente individuais e únicos. Qualquer peça que Grigory Sokolov toque, seja uma Pavana de William Byrd, uma Tocata de Bach, uma Mazurka de Chopin, ou um Prelúdio de Ravel, soa como surpreendentemente nova. Até uma muito tocada Sonata de Beethoven pode ser redescoberta como uma peça nova. Mas toda esta magia tem certamente as suas raízes. Sokolov sabe mais sobre um Steinway do que muitos técnicos e antes de se sentar à frente de um instrumento estranho, primeiro «desmonta-o nas suas peças». Estuda diariamente muitas horas e mesmo no dia de um concerto pratica no palco durante horas, para «chegar a conhecer o piano». Não é assim surpreendente que prefira gravar os seus CDs ao vivo, uma vez que gosta de capturar os momentos sagrados do verdadeiro concerto, evitando a atmosfera estéril de um estúdio.

Convidado regular das mais prestigiadas salas de concertos e festivais europeus e americanos, actuou em Londres, Paris, Viena, Berlim, Madrid, Lisboa, Salzburgo, Munique, Roma e Nova Iorque. Colaborou com muitos dos mais proeminentes maestros internacionais, incluindo Myung-Whun Chung, Neeme Järvi, Herbert Blomstedt, Valery Gergiev, Sakari Oramo, Trevor Pinnock, Andrew Litton, Vassilly Sinajskij, Jukka-Pekka Saraste, Alexander Lazarev, John Storgards, Moshe Atzmon, Walter Weller e Evgeny Svetlanov, à frente de muitas das grandes orquestras mundiais, incluindo a Filarmónica de Nova Iorque, a Sinfónica de Montreal, a Filarmónica de Munique, a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, a Philharmonia Orchestra, a Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão e a Sinfónica de Detroit.

Grigory Sokolov realizou várias gravações ao vivo para as editoras Melodya e Opus 111. Estas incluem obras de J. S. Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, Rachmaninov, Prokofiev, Schubert, Schumann, Scriabine e Tchaikovsky. Mais recentemente, gravou em DVD (com realização de Bruno Monsaingeon) um grande recital realizado em Paris, em 2002.

Fonte: Fundação Gulbenkian

P.S.: Obrigado Chico (Canito Preto para os amigos mais chegados) por me teres aberto as portas do conhecimento deste grande expoente do piano!

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - IV

“Euro 2004 custou ao Estado 1035 milhões de euros

Lido no Público de 21-12-2005:

Relatório do Tribunal de Contas expressa preocupação pelos grandes desvios aos valores inicialmente adjudicados pelos promotores públicos dos estádios.
Os encargos públicos globais do Estado português com a realização do Europeu de futebol de 2004 ascenderam a 1035 milhões de euros, resultado apurado pelo relatório do Tribunal de Contas (TC), ontem divulgado, montante que se refere aos custos com as comparticipações directas da Administração Central à construção/remodelação dos estádios públicos e privados, estacionamentos e acessibilidades, custos promocionais, de animação e de funcionamento das várias sociedades criadas para o efeito. A título de comparação, a Ponte Vasco da Gama, para a segunda travessia do Tejo em Lisboa, orçou em 897 milhões de euros.”

Fonte: http://infor-direito.blogspot.com

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - III

“II – Valorizar a Cultura

1. Um compromisso pela cultura

A política cultural para o período 2005-2009 orientar-se-á por três finalidades essenciais. A primeira é retirar o sector da cultura da asfixia financeira em que três anos de governação à direita o colocaram. (…)
O compromisso do PS, em matéria de financiamento público da cultura, é claro: reafirmar o sector como prioridade na afectação dos recursos disponíveis. Neste sentido, a meta de 1% do Orçamento de Estado dedicada à despesa cultural continua a servir-nos de referência de médio prazo, importando retomar a trajectória de aproximação que foi interrompida em Abril de 2002. (…)

5. Afirmar Portugal no Mundo

A cultura constitui um dos vectores principais, se não o principal, para a afirmação de Portugal no mundo.” (…)

Retirado de: Programa Eleitoral PS 2005-2009

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - II

Festa da Música acaba depois de sete edições


Leonor Figueiredo

A Festa da Música acaba por falta de verbas. O Centro Cultural de Belém (CCB) pôs um ponto final no projecto que ao longo de sete anos levou até Belém, além de melómanos encartados, muitos jovens que se iniciavam na música clássica.

O corte de 600 mil euros por parte do Ministério da Cultura foi a gota de água que levou o Conselho de Administração (CA) a acabar com o evento que este ano juntou, em Abril, cerca de 50 mil espectadores.

Só hoje de manhã é que o presidente do CA do CCB, António Mega Ferreira, irá explicar à imprensa como tudo se passou e que tipo de acontecimento colocará em substituição daquela festa que já era tão "popular" em Lisboa.

"A partir do momento em que tivemos um corte de 600 mil euros, ou mantínhamos a Festa da Música, ou cortávamos na programação que anunciámos", revelou, ao DN, António Mega Ferreira, que hoje falará do novo evento, Dias da Música, que decorrerá também a 20, 21 e 22 de Abril, "igualmente com muitos concertos, mas não tantos".

Conquistar novos públicos

Mega Ferreira disse não se tratar de "uma decisão de última hora", porque tinha sido "muito ponderada", tomada há cerca de mês e meio e transmitida por carta de 4 de Outubro a René Martin, o organizador da Folle Journée, em Nantes, França (o DN tentou contactá-lo, sem sucesso) cuja concepção foi exportada para Lisboa, Japão e Bilbao - e basicamente apostava na conquista de novos públicos para a música clássica, jovens e crianças, que encontrariam um ambiente informal, preços mais baratos e um formato de concertos menos demorados.

Os Dias da Música, segundo o responsável pelo CCB, "não poderá custar mais de um terço do que custava a Festa da Música, ou seja, 1,2 milhões de euros". Os sinais não eram encorajadores. A última edição teve menos concertos e o próprio René Martin, que sabia das dificuldades financeiras, conseguira de alguns artistas uma redução de 30 a 40% para virem tocar a Lisboa em Abril passado. Recorde-se, ainda, que em Março o CCB e a Câmara Municipal de Lisboa assinaram um protocolo, onde a autarquia se comprometia a financiar a Festa da Música com 100 mil euros até 2008.

Ministra apoia decisão

Em Setembro, Isabel Pires de Lima dizia no Parlamento, na apresentação do orçamento da tutela, que a Festa da Música tinha "apenas três dias com uma despesa exagerada". Uma opinião que não mudou. A ministra disse ontem ao DN que achava bem "o reajustamento" porque "era um disparate de gestão gastar-se uma percentagem do orçamento absolutamente exorbitante em três dias". Insistindo porém que "não houve cortes reais a nível de programação" no CCB e esta, para 2007, "é muitíssimo melhor do que as temporadas anteriores". Em 2007 não haverá, portanto, a Festa da Música que iria ser dedicada à 'Europa dos Povos', centrando-se em escolas musicais que cresceram entre a década de 50 do século XIX e os anos 20/30 do século XX.

Câmara de Lisboa lamenta

"Como cidadão só tenho de me sentir muito triste. A vida cultural de Lisboa fica muito mais pobre, e bastava lá ter ido uma vez para perceber porquê. Como político acho que se trata de um erro muito maior do que parece", comentou ao DN, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Amaral Lopes.

O vereador considera que a defunta Festa da Música tinha um objectivo que estava a ser cumprido. "Criava hábitos, tinha regularidade, qualidade e democratizava o acesso à música clássica, e chegava a colocar Lisboa no mesmo patamar de outras cidades europeias."

Para Amaral Lopes, "a falta de dinheiro não pode ser desculpa para não haver prioridades como esta", adiantando que se trata de um sinal de que o Governo "desiste de um interesse público".

Fonte: Artigo publicado no Jornal DN

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - I

Tenho dias em que me sinto profundamente envergonhado pelo país que somos hoje.
Soube esta manhã que a Festa da Música, que ocorre anualmente no CCB vai terminar. António Mega Ferreira, alega que o corte de 600 mil euros no orçamento do CCB inviabiliza a continuidade deste evento.
Não foi com espanto que recebi a notícia. Normalmente os cortes orçamentais, bem como o desaparecimento súbito de subsídios por parte do Estado Português, acabam por incidir em áreas fundamentais para a sociedade.
A Festa da Música é um evento que tem como um dos seus principais méritos a conquista de novos públicos para a música clássica, sobretudo as crianças e os jovens. Ao longo de anos, vi milhares de pais levarem os seus filhos a este evento. Vi crianças maravilhadas pelos primeiros contactos de perto com os músicos, que estão sempre ali mesmo ao pé de nós. Num corredor podemos ver um violoncelista a afinar o seu instrumento e um barítono a rever a sua partitura. Noutro, damos de caras com um dos nossos melhores pianistas ou com um maestro de renome. A música acontece à nossa volta e em todos os espaços do CCB. Só se respira música.
O preço dos bilhetes é outro enorme aliciante para que tantas pessoas se desloquem à Festa da Música (em 2006 cerca de 50 mil visitantes). Eu frequento a temporada Gulbenkian de música desde há vários anos, mas apesar do seu programa ser de altíssimo nível e sem paralelo no nosso país (a Fundação Gulbenkian é para mim o verdadeiro Ministério da Cultura), os preços são na maioria dos casos incompatíveis com o orçamento familiar da maioria dos portugueses.
A Festa da Música, ao longo de sete edições conseguiu reunir um conjunto único de factores que a transformaram no evento mais importante do nosso país no domínio da música dita erudita. Este evento transformou-se num acontecimento esperado ano após ano e era já uma pedra basilar na vida cultural do nosso país.
Agora acaba. Porquê? Porque não temos orçamento.
Neste país, a Festa da Música só poderia sobreviver se fosse a Festa do Futebol, ou de qualquer outro tipo de actividade em que se investem milhões sem qualquer tipo de retorno para o cérebro.
Porque esta é a verdadeira questão. Este é o tema que interessa abordar. Nós somos o país que somos porque a mentalidade nunca muda. A mudança de atitude de uma nação, de um povo, tem que estar intimamente ligada à cultura do mesmo. Não vale a pena esperar que os nossos filhos saibam construir um país melhor, porque nós não lhes damos as ferramentas para isso. A cultura é a base de tudo. Uma mente educada e disciplinada deve ser uma mente capaz de produzir ideias, gerar debate, criar soluções. No futuro, é provável que muitos dos nossos filhos sejam homens e mulheres com fraca capacidade empreendedora e de projecto. Mas a culpa deve pesar nas consciências de todos nós hoje, porque se acontecimentos como a Festa da Música entram para a lista de “eventos culturais em vias de extinção ou realmente extintos”, a culpa não é só do Estado e dos mecenas que ora apoiam, ora não apoiam. Os responsáveis somos todos nós, porque um estado corresponde ao somatório de todos os indivíduos que dele fazem parte.
Alguém se interessa? Alguém está disposto a mudar? Alguém ainda acredita em Portugal?

MMorgado

Monday, November 13, 2006

Grandes Pianistas - Sviatoslav Richter

"The rhythm in Richter's performances makes one feel that the whole work lies before him like an immense landscape, revealed to the eye at a single glance"

Heinrich Neuhaus



Born: 20 March 1915, Zhitomir (near Kiev)
Died: 1 August 1997, Moscow

Ukrainian pianist Sviatoslav Richter was soon dubbed "notoriously unreliable" - cancelling concerts almost every year (often at the last moment) or changing his whole programme. But there were always inner constraints or health reasons, and ultimately it has not harmed his reputation as one of the world's finest pianists.

As a boy, Richter had only sporadic piano lessons, yet a natural, insatiable curiosity about everything to do with music helped him on his way until he began as a repetiteur at the Odessa Opera when he was eighteen. This period endowed him with a knowledge of opera unusual in a pianist and taught him how to make the piano "sing". The same year he began rehearsing the piano literature in earnest, gibing his first public recital - still self-taught - the following year. At twenty-two he entered the Moscow Conservatory, as a pupil of Heinrich Neuhaus, and under the latter's intelligent direction he matured into a professional, without losing his originality.

His phenomenal sight-reading, which, like his remarkable memory and fascinating musical instinct, marked out this "born" pianist, thrilled Neuhaus: "The rhythm in Richter's performances makes one feel that the whole work, even if it is of gigantic proportions, lies before him like an immense landscape, revealed to the eye at a single glance and in all its details."

Though really too old to start a concert career, Richter - first in Eastern Europe, then from 1960 in the West and Japan - was a global sensation. Take his first concert in Finland: "After the first sonata, there was enormous applause; after the next one they started tapping their feet, which, in Helsinki, is their expression of the utmost admiration, and after the 'Appassionata' one feared that the floor might give away". The 1960's showed Richter at the height of his powers, but the punishing concert schedule he imposed upon himself undermined his health.

Audience and press were constantly enthralled anew by Richter's playing, offered "in affectionate service to the composer as a first and last aim", as a reviewer once wrote, and as late as 1989 the London press said of the seventy-four-year-old that he had the most perfect technique ever applied to the keyboard. Though Richter said he hated making recordings, over 50 are currently available, many of them milestones of pianistic history.


In: http://www.deccaclassics.com/

Wednesday, November 08, 2006

Arturo Benedetti Michelangeli - Quem não tem vá a correr comprar!


ARTURO BENEDETTI MICHELANGELI

BEETHOVEN: Klavierkonzerte / Piano Concertos
Nos. 1, 3, 5 · Klaviersonate / Piano Sonata
No. 4 · BRAHMS: 4 Balladen op. 10 · SCHUBERT:
Klaviersonate / Piano Sonata D 537 · CHOPIN:
10 Mazurkas · Prélude op. 45 · Ballade op. 23
Scherzo op. 31 · DEBUSSY: Préludes · Images
Children's Corner · MOZART: Klavierkonzerte
Piano Concertos Nos. 13, 15, 20, 25 · SCHUMANN:
Carnaval · Faschingsschwank aus Wien

Wiener Symphoniker · NDR-Sinfonieorchester
Carlo Maria Giulini · Cord Garben

CD DDD 469 820-2 GB 8
AAD / ADD (partly)
8 Compact Discs
Collectors Edition

Arturo Benedetti Michelangeli

"I do not play for others," Michelangeli once confessed, "but only for myself in the service of the composer. It makes no difference whether there is an audience or not; when I am at the keyboard I am lost. And I think of what I play, and of the sound that comes forth, which is a product of the mind." When he walked out onto the platform, according to the testimony of one close associate, he was often enveloped in a mysteriously self-induced trance, which excluded consciousness of everything but the music. Like many people perceived as arrogant and cold, he was in fact intensely shy, and his notoriously unsmiling demeanour on the platform derived from his belief that applause should be for the composer, not the performer.

It must be admitted that both pianistically and interpretatively Michelangeli, to use a current phrase, was the ultimate "control freak", sparing no pains in his quest for unbreachable security. "If one never worried about doing something that requires such infinite care and skill, one would be an idiot," he once remarked. "The relaxed ones are the idiots. There is always the unpredictable element, the possibility that something may go wrong." The idea, however, that as a performer he was tantamount to an automaton, or as reliably consistent as a fine-tuned computer, is mistaken. His command of the keyboard was indeed awe-inspiring, though not perhaps quite as unique as contemporary legend would have it (Hofmann, Godowsky, Horowitz and Richter were hardly his inferiors, nor indeed are his pupils Argerich and Pollini), his accuracy just this side of superhuman (though there's at least one reassuring fluff in the present collection), his pedalling as deft and subtle as his fingering, his tonal palette apparently infinite, and deployed and controlled with astonishing precision - never more so than in the present performances of the Debussy Préludes (sample "La Puerta del Vino" on CD 8 for starters).

In his long, though sometimes interrupted, career, Michelangeli reputedly cancelled more concerts than he gave (generally a combination of perfectionism and arthritis), and his repertoire is still widely reputed to be among the smallest in pianistic history. The facts, as demonstrated even in the present collection, tell a different story. Indeed the works he performed and recorded were greater in number and wider in range than those of many stellar icons, and he carried in his head and fingers most, if not all of the 32 Beethoven Sonatas, most of the works of Chopin, many of the piano works of Mozart, Schubert, Schumann, Brahms and Liszt, and, perhaps surprisingly, a lot of Reger (like his great compatriot Busoni, he was in many ways more Germanic than Latin). He championed Schoenberg, though he openly despised much music of the later 20th century, and gave many loving performances of Bach (whom he later decided not to play on the piano, confining his Bach playing to the organ, though never in public). In addition to his core repertoire of Scarlatti, Beethoven, Schubert, Schumann, Chopin, Brahms, Debussy and Ravel, he played a wealth of Albéniz, Balakirev, Falla, Galuppi, Granados, Grieg, Martucci, Mompou, Paradisi, Respighi, Tchaikovsky, Tomeoni and Weber, and he adored Rachmaninov (while recording, curiously, only the seldom heard Fourth Concerto).

He was also an accomplished violinist, playing the instrument since the age of three - a fact that has strangely eluded the standard Michelangeli mythology and remains little known even today. At ten he entered the Milan Conservatory, where he finally opted for the piano, graduating with honours three years later. In 1939 he entered the International Piano Competition at Geneva and won, to nobody's surprise (the great Alfred Cortot proclaimed him "a new Liszt"). Barely out of his teens, he now astonished everyone by evidently spurning the glittering career that awaited him and becoming a professor of piano at the Conservatory in Bologna, while simultaneously entering medical school, where he remained for five years. He abandoned medicine but remained a teacher for much of his life, numbering among his many pupils (whom he accommodated and taught free of charge) not only Argerich and Pollini but Ivan Moravec, Jörg Demus, Walter Klien and Adam Harasiewicz. During the Second World War he served as a pilot in the Italian Air Force before joining the anti-Fascist underground. There followed eight months of incarceration by the Nazis, reputedly brought to an end by a spectacular escape. He was also an enthusiastic racing-car driver who entered (but did not win) the Mille Miglia auto race. With all this, one might well ask, who needs legends?

Like many, perhaps even most, of the greatest artists, Michelangeli was always controversial, often arousing outspoken hostility in his fellow musicians (one described him as "the Great Mortician"), while in others inspiring a degree of idolatry hardly seen since the heyday of Liszt in the 19th century. To numerous others, however, he remained an enigma - even to some of his friends, one of whom wrote in his diary, "Beyond reproach, as ever. The notes exactly as written. Technically perfect. Yet it all remains glacial." And later: "He is a real perfectionist. But I think this fanaticism and the extreme instrumental standards he sets for himself prevent his imagination from taking flight, and stop him expressing any real love for the work he's performing so impeccably. It is 'inspiration' that's missing. But - one doesn't judge a master. ... I've no wish to criticize a great artist." These are not the words of a mere critic - they come from one of the greatest pianists of the 20th century, Sviatoslav Richter (and in writing thus, he spoke for many). Even at this exalted level, musical reactions are notoriously subjective. But in one respect (like many other commentators, it must be said), Richter was not being strictly accurate. Very often, and as designedly as he did everything else, Michelangeli did not play the notes "exactly as written".

A frequent though not consistent feature of his playing, evidenced repeatedly in the present collection, in a wide range of music, was the calculated non-synchronization of the hands - almost a cliché among 19th-century Romantics, as typified by Paderewski, but a rarity indeed among their conscientiously "objective" 20th-century counterparts and emphatically not indicated in the score. For Michelangeli, needless to say, the device was no casual, self-indulgent or automatic mannerism but a means of illuminating the harmonic basis of even the most polyphonic textures. It was also, as one of his pupils, Renato Premezzi, has pointed out, a means of "allowing the bass to set up and enhance the treble", thus enriching the dimensions of sonority. And no pianist ever gave more concentrated attention to sonority than Michelangeli. The roots of his obsession, however, were not what one might imagine. To begin with, he actively disliked the piano, finding it altogether too percussive. Early on in his musical life, he stopped listening to other pianists, withdrew into himself and began studying on his own. "I discovered that the sounds made by the organ and the violin could be translated into pianistic terms", he told an interviewer. "If you speak of my tone, you must not think of the piano, but a combination of the violin and the organ."

If Michelangeli's phenomenal pianism was consistent throughout his career (he had mastered Brahms's fiendish Variations on a Theme of Paganini by the time he was 14), his interpretations over the years were not. Contrary to his reputation in certain circles, he was not an artist whose vision of a work ossified into a single, eternal conception. His several recorded performances of Ravel's Gaspard de la nuit, like his Beethoven recordings, show significant differences. Nor, greatly to his credit, was he consistent in his approach even to a single composer. As CDs 1 & 2 make abundantly plain, it is nonsense to talk about "Michelangeli's Mozart". Each work is approached from a standpoint almost entirely dictated by the intrinsic character and properties of the piece itself, as seen by Michelangeli at that particular time. Nothing reveals this more strikingly than his use of the piano itself. It seems unlikely that any pianist in history has had a more sovereign control or commanded a wider range of tone colours. The chances of his achieving any quality of sound by mistake are virtually non-existent.

Despite his near obsession with sonority, he was too scrupulous a musician to cultivate it for its own sake. He used it not only for expressive and atmospheric but also for structural purposes. So it is of more than ordinary interest that his chosen sound world for each of the four Mozart Concertos recorded here is unique to that particular performance. Compare the piano entries in the two C major Concertos, for instance. They might have come from two different pianists, as well as two different instruments. His reasoning and convictions were not always easy to understand, but given the artistic integrity, the tireless intellect and the intense dedication of the man at the keyboard, it behoves us to try. He may persuade us, or he may not, but he demands our attention.

Jeremy Siepmann

In: http://www.deutschegrammophon.com/

Saturday, November 04, 2006

scapeland - o blog fotográfico

"O TEU DESTINO DEVERIA TER PASSADO NESTE PORTO ONDE TUDO SE TORNA IMPESSOAL E LIVRE ONDE TUDO É DIVINO COMO CONVÉM AO REAL"

(SMBA)

Estão convidados a visitar o meu blog de fotografia, em:

http://scapeland.blogspot.com/

Por motivos de ego, todo o trabalho fotográfico exposto é da minha autoria.