Thursday, December 28, 2006

Gabriela Montero - Ou a liberdade do Piano


Hoje deixo aqui a biografia desta extraordinária pianista. Aconselho a ouvirem e...

...depois conversamos.


“I have rarely come across a talent like Gabriela’s. She is a unique artist.”

Martha Argerich


Gabriela Montero’s first EMI/Angel CD consisted of one disc of music by Rachmaninoff, Chopin and Liszt and a second of her deeply-felt and technically brilliant improvisations. Standing alongside inspired performances of core repertoire, improvisation plays as important a part in Gabriela's life as it did for Bach and Mozart and, to show the link, her latest EMI/Angel CD Bach and Beyond isa full disc of improvisations on themes by Bach.

Gabriela has appeared with orchestras across the world from South America and the USA, Europe, to Japan and the Far East and she recently made her debut with the New York Philharmonic and Lorin Maazel. Anthony Tommasini writing in the New York Times commented that "Ms Montero's playing had everything: crackling rhythmic brio, subtle shadings, steely power in climactic moments, soulful lyricism in the ruminative passages and, best of all, unsentimental expressivity".

Gabriela's other recent and future engagemnts include NDR Hannover, Boston Philharmonic with Benjamin Zander, Stuttgart Philharmonic, the Lanaudiere Festival and the Philharmonia Orchestra with Gustavo Dudamel, with whom she also works regularly with the Venezuelan Youth Orchestra.

In recital Gabriela has appeared at the Wigmore Hall London, Kennedy Center Washington DC, National Arts Center Ottawa, Orchard Hall Tokyo, Teatro Colon Buenos Aires, Herkulessaal Munich, Musikhalle Hamburg, Berlin Konzerthaus, and will appear at the Cologne Philharmonie as part of the Cologne Musiktriennale 2007 whose theme will be ‘improvisation’. Gabriela has appeared at the Roque d’Anthéron, Radio France Montpellier, Schleswig-Holstein, MDR Musiksommer, Penderecki, and Radio Canada Chopin festivals and is invited annually to the ‘Progetto Martha Argerich’ Festival in Lugano and to Martha Argerich's Buenos Aires Festival.

Born in Caracas Venezuela, Gabriela gave her first public performance at the age of five. Aged eight she made her concerto debut with the Venezuelan Youth Orchestra conducted by Jose Antonio Abreu and was granted a scholarship from the Venezuelan government to study in the USA. At twelve she won the Baldwin National Competition and AMSA Young Artist International Piano Competition, performing Tchaikovsky's Piano Concerto No.1 with the Cincinnati Symphony Orchestra.

A former student of Lyl Tiempo, Andrez Esterhazy and Professor Hamish Milne at the Royal Academy of Music London, Gabriela has won international prizes including the Bronze Medal at the 13th International Chopin Piano Competition in Warsaw in 1995.



A saber mais em: http://www.gabrielamontero.com/

Wednesday, December 27, 2006

A Ponte de Rio Velho

As Horas

Sem Título

Cruz & Credo 7

Cruz: Finalmente acabei de ler o D. Quixote.
Credo: Quem?
Cruz: O D. Quixote. O Fidalgo louco, que tinha um cavalo rocinante mais o Sancho Pança como escudeiro e um galgo muito magro.
Credo: Ah…tou a ver!
Cruz: O tipo era bera como os maus pá! Metia a trote contra os moinhos de vento e tudo! Só por amor a uma tal Dulcineia. Aquilo é que era! E ia só de lança e escudo!
Credo: Pois.
Cruz: Nunca leste Cervantes pois não?
Credo: Por acaso até não li. Mas já li o Código Da Vinci do não sei quantos Brown.
Cruz: Eh lá homem de letras… és um intelectual de craveira! O Cervantes ao pé desse tipo é um menino!
Credo: Não tenhas dúvidas. Por acaso já fizeram algum filme sobre o tal Quixote? Com actores daqueles das revistas? Daqueles bons?
Cruz: Sei lá!
Credo: Pois é pá…um tipo quando não domina não deve falar! Cervantes, Cervantes…isso é para meninos!

Cruz & Credo 6

Cruz: Aaaa…tchim…
Credo: Saúde pá!
Cruz: Chatice. Isto foi no escritório! Um tipo sai de casa porreiro, vai trabalhar e vem de lá doente.
Credo: Como é que é…?
Cruz: É dos aparelhos de ar condicionado. Frio, quente, frio, quente, liga, desliga…as gajas ou têm o termóstato avariado ou frio nas unhas e depois quem se constipa é um tipo.
Credo: Então não devias era ir trabalhar. Ou então corrias de lá com as tipas.
Cruz: E depois…trabalhava só com gajos não? Matem-me antes com uma gripe!
Credo: A escolha é tua: saúde ou miúdas!
Cruz: Miúdas pois claro! Aaaa…tchim…, aaaa…tchim…
Credo: Saúde!

Cruz & Credo 5

Cruz: Nem vais acreditar!
Credo: Então?
Cruz: Comecei a ter aulas de cozinha japonesa.
Credo: Aquela cena do peixe cru?
Cruz: Yap! Chama-se Sushi.
Credo: E no fim?
Cruz: Qual fim?
Credo: Quando acabas as aulas…comes essas cenas e tudo?
Cruz: Não, nada disso! Eu nem gosto de japonês!
Credo: Então para que é que queres o curso?
Cruz: As miúdas adoram. É “fashion” à brava!
Credo: Peixe cru é “fashion”? Pois…
Cruz: Realmente…gajos como tu nunca evoluem!
Credo: Pois…peixe cru para engatar tipas...deve ser cá um sucesso! E no segundo encontro o que é que lhes levas? Umas pataniscas com arroz de feijão para criar um efeito surpresa? És o maior!

Cruz & Credo 4

Cruz: Epá, como é que se chama aquele tipo…aquele que fazia de bandido no filme do tal gajo que ganhou um não sei quantos de ouro no Festival de Veneza?
Credo: Já sei! Não é aquele que faz sempre o papel de malandrão com a barba por fazer, que uma vez até era um jogador de cartas que tinha uma pistola a sério em miniatura e matou três tipos no jogo de Tóquio?
Cruz: Exactamente. Esse mesmo.
Credo: E como é que dizes que o gajo se chama?
Cruz: Pois pá…não me lembra. M…da mais isto!

Cruz & Credo 3

Cruz: Ontem fui a um recital de piano. Muita giro!
Credo. “Muita giro”? É “muito giro” que se diz meu animal!
Cruz: Pois.
Credo: E os tipos tocavam bem? Gostastes?
Cruz: Era só um. Um pianista. E não é “gostastes”, é “gostaste”!
Credo: Agora desde que vais esses programas culturais tens a mania que és mais intelectual que os outros!
Cruz: Tem que ser pá! Nem te deixam entrar nestas coisas se não tiveres um ar de esperteza superior.
Credo: Nem que seja saloia.
Cruz: É a mesma coisa meu burro!
Credo: O quê?
Cruz: Superior ou saloio.

Cruz & Credo 2

Cruz: Parece que vão acabar com a Festa da Música no CCB.
Credo: Quem?
Cruz: Sei lá…eles.
Credo: Mas eles quem?
Cruz: Os do costume…os do tacho.
Credo: Alguém devia fazer alguma coisa. Mas neste país esta m…da nunca nada muda.
Cruz: Olha que parece que se organizou uma manifestação e tudo.
Credo: Com massas? Com magotes de malta?
Cruz: Não. Diz que eram só três tipos ou quatro.
Credo: Com cartazes ao menos?
Cruz: Parece que não.
Credo: Então mas afinal quem é que vai dar pela falta da Festa da Música?
Cruz: Ninguém.
Credo: Faz sentido.

Cruz & Credo 1

Cruz: Ontem não te vi no café.
Credo: Agora estou mais refinado, só frequento pastelarias.
Cruz: Pastelarias? Porquê?
Credo: Prefiro ir a sítios onde os empregados usam farda. Não sei, dá-me uma sensação de superioridade. Como se fosse eu o patrão, tás a ver?
Cruz: Como se fosses parvo…
Credo: …Também!

Tuesday, December 26, 2006

Escritos do Dia

Escrito Para R.

Pedro e o Lobo - "Boys like Peter are not afraid of wolves..."


Pedro e o Lobo é um conto para crianças, cuja história nos é apresentada através de música. O compositor desta obra absolutamente mágica foi Sergei Prokofiev, que a terminou no ano de 1936. Um dos objectivos do compositor foi a apresentação às crianças da sonoridade de diversos instrumentos da orquestra, sendo cada personagem representada por um som diferente. Neste conto, somos apresentados a Pedro, ao lobo, ao avô, ao pássaro, ao pato, ao gato e aos caçadores.

Desta feita, a BreakThru Films, apresenta uma versão absolutamente brilhante deste clássico. Vejam e revejam com os miúdos ou sem eles porque este filme de animação não tem idade certa para poder ser visto.

A interpretação da música esteve a cargo da genial The Philharmonia Orchestra, que dispensa apresentações.

Uma versão mágica de que Sergei Prokofiev concerteza muito se orgulharia.

Synopsis

It’s a wolf eat duck world. But it’s a world where little boys can find extraordinary courage and catch the wolf. Peter slips the guard of his haunted, over-protective grandfather, and with a little help from a crazy bird and a dreamy duck (and none whatsoever from a fat, lascivious cat and two hooligan hunters), outsmarts the wolf.

Prokofiev’s story of the irreverent Peter has resonated deeply with over five generations of children, enchanted by its power and sense of fun. It is the most popular piece of classical music orchestrated for children ever. Now BAFTA winning animator Suzie Templeton in collaborating with a world class producing team and classical music specialists brings this mesmerising and enchanting classic to its humorous and exhilarating best for the big screen.

BreakThru Films seeks to create an innovative and prestigious half hour animated film version of Prokofiev’s classic work. Providing a unique live music and film experience, the finished film will be screened theatrically in concert halls worldwide accompanied by live orchestras as well as distributed internationally both on TV and DVD.

A BreakThru Films-Semafor Co-production

Writer-Director: Suzie Templeton
Producers: Alan Dewhurst & Hugh Welchman
Co-Producer: Zbigniew Zmudzki
Executive Producer: Simon Olswang & Lars Hellebust
Co-Writer: Marianela Maldonado
Supervising Director of Photography: Hugh Gordon
Director of Photography: Mikolaj Jaroszewicz
Production Design: Jane Morton & Marek Skrobecki
Editor: Tony Fish
Music Director: Mark Stephenson
Orchestra: The Philharmonia Orchestra

Two Pianists - Nina Schumann & Luís Magalhães



Dois pianistas geniais, uma gravação magnífica da obra para dois pianos de Sergei Rachmaninoff. A qualidade das interpretações é absolutamente fabulosa. Um CD obrigatório para qualquer melómano que se preze.



In January 2006, Magalhaes & Schumann recorded for Universal Music the complete works for two pianos by Sergei Rachmaninoff. The recording took place in the Endler Hall of Stellenbosch University, South Africa. The sound engineer was Wolf-Dieter Karwatky. The Portuguese launch took place on the 24th June at the National Palace of Ajuda, Lisbon - Portugal.


MAGALHÃES & SCHUMANN PIANO DUO – Biography

Luis Magalhães and Nina Schumann met in January 1999 in the USA , while studying at the University of North Texas with Vladimir Viardo. Following their marriage later that year, they formed the Magalhães-Schumann Piano Duo and have since performed to great acclaim across the USA , Portugal , Germany , Austria , South Africa and Mozambique .

NINA SCHUMANN
Following her first appearance with orchestra at the age of 15, Nina Schumann 's talent quickly captured the public's attention and she rapidly established herself as one of South Africa 's foremost pianists, receiving piano tuition from Lamar Crowson, Vitaly Margulis and Vladimir Viardo.

Ms. Schumann has won every major South African music competition and scholarship/prize, including the Oude Meester Music Prize, ATKV Forte Competition, Oude Meester National Chamber Music Competition, Wooltru Scholarship, Adcock-Ingram Music Prize, SAMRO Overseas Scholarship, Jules Kramer and Harry Crossley Overseas Bursaries, as well as the SABC Music Prize. In addition, she has also participated in several international competitions, including the Morocco International and UNISA/Transnet International Piano Competition, during which she reached the semi-final round and was awarded three special prizes, one of which was as the Most Promising South African Pianist.

Besides having more than 140 concerto performances with orchestras in South Africa , Europe and the USA to her credit (and some 35 concertos in her repertoire), she is also a very active chamber musician and soloist and regularly appears in concert with her husband, pianist Luis Magalhães. Nina Schumann is an Universal Music recording artist. She is currently appointed as Associate Professor and Head of Piano at the Department of Music, Stellenbosch University (South Africa).

LUIS MAGALHÃES
Portuguese pianist, Luis Magalhães , started playing piano at the age of five, receiving tuition from Eduardo Rocha, José Alexandre Reis, Pedro Burmester and Vladimir Viardo, as well as masterclasses from, amongst others, Helena Sá e Costa, Paul Badura-Skoda, Dimitri Bashkirov and Alicia de Larrocha.

Mr. Magalhães has won several prizes at national and international competitions, including first prize at the Maria Campina Competition, second prize at the Juventude Musical Portuguesa Competition, second prize (Chamber Music) at the Jovens Músicos Competition, honorary mention at the Helena Sá e Costa Competition, as well as second prize for the best performance of Russian music and best performance of Rachmaninoff at the 2002 Russian Music International Piano Competition, USA. In 2001 he was awarded the National Medal for Cultural Achievements by the Mayor of Famalicão, Portugal .

A concert pianist since the age of nine, Mr. Magalhães has given numerous recital, concerto and chamber music performances in Europe, Asia, South America and Africa , rendering rave reviews. He also regularly appears in concert with his wife, pianist Nina Schumann and he is a Universal Music recording artist. Mr. Magalhães is a lecturer in piano at the Department of Music, Stellenbosch University ( South Africa ).

Friday, December 22, 2006

Pablo Neruda - Oda Al Día feliz

O meu presente de Natal para todos os que vão lendo este blog: um poema de Neruda.

Até que enfim! Alguma qualidade literária num post do vecchio castello.

Feliz Natal e não sei que mais para 2007.

Penso que é isto que se costuma desejar... certo?


ODA AL DÍA FELIZ


ESTA vez dejadme
ser feliz,
nada ha pasado a nadie,
no estoy en parte alguna,
sucede solamente
que soy feliz
por los cuatro costados
del corazón, andando,
durmiendo o escribiendo.
Qué voy a hacerle, soy
feliz.
Soy más innumerable
que el pasto
en las praderas,
siento la piel como un árbol rugoso
y el agua abajo,
los pájaros arriba,
el mar como un anillo
en mi cintura,
hecha de pan y piedra la tierra
el aire canta como una guitarra.

Tú a mi lado en la arena
eres arena,
tú cantas y eres canto,
el mundo
es hoy mi alma,
canto y arena,
el mundo
es hoy tu boca,
dejadme
en tu boca y en la arena
ser feliz,
ser feliz porque si, porque respiro
y porque tú respiras,
ser feliz porque toco
tu rodilla
y es como si tocara
la piel azul del cielo
y su frescura.

Hoy dejadme
a mí solo
ser feliz,
con todos o sin todos,
ser feliz
con el pasto
y la arena,
ser feliz
con el aire y la tierra,
ser feliz,
contigo, con tu boca,
ser feliz.



Pablo Neruda – in: Odas Elementales

Tuesday, December 19, 2006

O Peixe (ão)

Depois de uma leitura de SMBA.

A Casa de Neruda

Nem sei quando terminei este desenho.

Monday, December 18, 2006

Perspectiva (Opus 2)

Terminado Hoje. Publicado Hoje.

Friday, December 15, 2006

O Lobo Que Morava Na Lua (ou o meu primeiro conto de 2006)

O Lobo Que Morava Na Lua


Era uma vez um lobo que morava na Lua. Um lobo chamado Lobo.
Lobo morava numa caixa de madeira muito grande. Na sua casa simples, apenas possuía uma prateleira onde se podiam ver alinhadas duas lombadas de livros de contos e uma pedra do solo lunar que os mantinha equilibrados. Lá fora, no meio do jardim de pedras cuidadosamente dispostas em grupos de três, encontrava-se um velho gira-discos com uma manivela de madeira. Lobo tinha o seu gira-discos no jardim porque na Lua nunca chove lá fora, e os dois livros dentro de casa porque nunca lhe apetecia ler enquanto estava no jardim.
O seu único amigo era uma pequena cratera lunar chamada Ocre. Durante muito tempo foram estes os dois únicos habitantes da Lua.
Os anos passavam envolvidos numa tranquilidade profunda, até que um dia chegou uma encomenda para o Lobo: uma caixa quadrada envolvida em papel pardo, atada com corda de mercearia e selada com lacre. O Lobo nunca tinha recebido nenhuma encomenda e por isso não podia pensar em absolutamente ninguém que lhe enviasse alguma coisa. E que coisa poderia ser? Logo tinha que lhe calhar a ele, que apreciava a sucessão dos seus dias sem sobressaltos, sem encomendas a chegar para agitar o pensamento.
Nesse dia, o Lobo decidiu que não ia abrir a caixa até que o seu cérebro parasse de formular questões sobre as diversas possibilidades do misterioso conteúdo. E assim aconteceu. Não durante esse dia, mas durante muitos, muitos dias. Com o lento passar dos dias, o Lobo até se esqueceu que a caixa alguma vez tinha chegado.
Numa manhã fria de Outono, o seu amigo Ocre lembrou o Lobo que nunca tinha chegado a abrir a misteriosa caixa. O Lobo nada disse sobre o assunto, mas pensou durante alguns minutos e tomou uma decisão: abrir nessa hora a caixa. E assim aconteceu.
Sendo Ocre uma cratera lunar, a única maneira de partilhar a surpresa da abertura era levar a caixa para perto dele. O Lobo assim fez. De seguida esfregou as patas e iniciou o processo de desembrulhar tudo. Começou pelo nó que encerrava a corda de merceeiro que envolvia a caixa ao longo de pelo menos três voltas, de seguida rasgou o papel pardo e finalmente deparou-se com uma caixa de madeira de cedro, já muito velhinha e gasta pelo tempo. Sem demora abriu-lhe o fecho e espreitou para o interior. E… eis que o seu ar de espanto surgiu num ápice. Dentro da caixa vinham umas placas fininhas, redondas e pretas, furadas ao meio e marcadas por diversos sulcos em toda a superfície. O Lobo deixou cair o ar de espanto e sentou-se sem fazer a mais pequena ideia do que eram ou para que serviam as pequenas placas com forma de bolacha gigante e pintadas de preto. Foi Ocre quem resolveu todo o enredo. Explicou ao Lobo que aquelas bolachas enormes eram na realidade discos. Discos onde estava registada música. Se os fizessem girar no aparelho que o Lobo tinha no centro do seu jardim, ia ouvir-se um conjunto de sons a que se chama música. Mistério terminado.
O Lobo não percebeu muito bem o raciocínio de Ocre mas confiava de tal forma no seu amigo que foi de imediato buscar o velho gira-discos. Ocre, que era profundamente inteligente e muito rápido a pensar, explicou ao Lobo todo o procedimento para manusear o aparelho. Assim, foi colocado o disco em cima do prato giratório e se fez correr a agulha através dos sulcos gravados no vinil de cor preta. Subitamente, um som se fez escutar. Depois outro e ainda mais um em seguida. A sucessão de sons não parou mais durante esse dia, nem nos que lhe sucederam. Ocre ensinou ao seu amigo o que era a música e os sons que a constituíam. O Lobo ficava horas em silêncio a ouvi-lo. A Ocre… e à música.
E foi assim que pela primeira vez se ouviu música na Lua.


M.

2006

Thursday, December 14, 2006

Landscape (a minha aldeia)

Terminado Hoje.
M.

Perspectiva (Opus 1)

Terminado hoje. Publico-o aqui.
M.

Monday, December 04, 2006

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - V

Evento que substitui Festa da Música

CCB: Dias da Música em Belém aposta nos intérpretes portugueses

21.11.2006 - 14h37 Lusa


O presidente do Centro Cultural de Belém anunciou hoje que a iniciativa Os Dias da Música em Belém, que vai substituir a Festa da Música, em Abril de 2007, vai oferecer 51 concertos de música clássica, com grande participação de intérpretes portugueses.

Numa "conversa informal" com jornalistas no seu gabinete, o presidente do conselho de administração da Fundação CCB, António Mega Ferreira, confirmou o fim da Festa da Música e a sua substituição pelo novo evento.

Ao fim de sete edições — as últimas com 50 mil bilhetes vendidos e mais de uma centena de concertos —, a Festa da Música termina com "um historial de enorme êxito de público e grande qualidade artística", comentou.

"Devido às restrições orçamentais [menos 600 mil euros] a alternativa era mudar muito o modelo e já não seria a Festa Música", justificou, acrescentando que o evento implicava "um compromisso financeiro muito elevado".

A Festa da Música — cuja sétima edição estava já prevista para a temporada de 2007/08 — custou 1,2 milhões de euros em 2006, o que representava dois terços do orçamento da temporada total, enquanto Os Dias da Música em Belém deverão custar "no máximo 400 mil".

O novo evento também será dedicado à área da música clássica, mas aberto a outros géneros de música improvisada, como o jazz; e terá os mesmos três dias de duração, mas com concertos a horas certas e intervalos de cerca de um hora, "para não forçar o público a correr pelos corredores".

"Em vez de ser dedicado a um compositor ou a uma época, terá temas mais abertos, nomeadamente a instrumentos — com o piano em foco em 2007 — e com menos concertos", descreveu, sublinhando que o anterior conceito de preços acessíveis e evento para a família vai manter-se.

Concertos gratuitos na sexta-feira

A primeira edição de Os Dias da Música em Belém terá um dia gratuito para o público, na sexta-feira, que poderá entrar no CCB para tocar em pianos espalhados pelas salas, assistir a concertos de orquestras juvenis, ver DVD sobre grandes pianistas ou filmes em que o piano seja a estrela.

Quanto aos intérpretes, a grande aposta será nos portugueses — a organização já fez diversos convites, que não quis divulgar, limitando-se, por agora, a anunciar os estrangeiros que já aceitaram participar.

"Os portugueses terão uma grande presença, não tanto a nível dos solistas, que também vão participar, mas sobretudo ao nível dos intérpretes de orquestras", disse, revelando que, para além da orquestra residente, a Divino Suspiro, a Orquestra Metropolitana de Lisboa aceitou integrar o programa.

Alexandre Tharaud, Edna Stern, Elena Rozanova, Eve Egoyan, Huseyn Sermet, Oleg Marshev, Pascal Rogé, Sérgio Tiempo, Till Fellner e Uri Craine são os pianistas estrangeiros já confirmados.

O concerto inaugural será sexta-feira à noite. Nos dias seguintes, os concertos serão todas às 14h00, 16h00, 18h00 e 22h00, devendo a organização disponibilizar entre 25 mil e 27.500 bilhetes.


Fonte: Jornal Público Online

Tuesday, November 21, 2006

Grandes Pianistas - Grigory Sokolov


Grigory Sokolov

Piano

Nos cerca de quarenta anos que se seguiram à conquista do 1º Prémio no Concurso Internacional Tchaikovsky de Moscovo, por Grigory Sokolov, aos 16 anos de idade, o mundo foi deslumbrado com o que um crítico americano intitulou como "um pianismo, um saber musical e uma arte que pensávamos ter desaparecido para sempre". Figura proeminente da cena musical russa desde a sua juventude, Sokolov ganhou um estatuto quase mítico entre os amantes da música e do piano em particular.
Grigory Sokolov é hoje considerado por muitos como o maior pianista vivo. Desde a sua primeira grande noite em Leninegrado, aos 12 anos de idade, que Sokolov não parou de surpreender o público com o enorme fôlego do seu repertório e com a sua grande força musical. Usando pouco pedal e um superior trabalho de dedos, consegue produzir num concerto uma imensa variedade de sons. Possui uma ilimitada paleta de cores, uma imaginação espontânea e um controle mágico da linha melódica. As suas interpretações são poéticas e idiossincráticas e a sua liberdade rítmica e elasticidade do fraseado são talvez únicas entre os pianistas de hoje.

Os conhecedores da sua arte são particularmente atraídos pela naturalidade da sua postura interpretativa, que faz parte do seu credo artístico. A sua forma de tocar não revela a influência dos mestres do passado, o seu estilo e abordagem são inteiramente individuais e únicos. Qualquer peça que Grigory Sokolov toque, seja uma Pavana de William Byrd, uma Tocata de Bach, uma Mazurka de Chopin, ou um Prelúdio de Ravel, soa como surpreendentemente nova. Até uma muito tocada Sonata de Beethoven pode ser redescoberta como uma peça nova. Mas toda esta magia tem certamente as suas raízes. Sokolov sabe mais sobre um Steinway do que muitos técnicos e antes de se sentar à frente de um instrumento estranho, primeiro «desmonta-o nas suas peças». Estuda diariamente muitas horas e mesmo no dia de um concerto pratica no palco durante horas, para «chegar a conhecer o piano». Não é assim surpreendente que prefira gravar os seus CDs ao vivo, uma vez que gosta de capturar os momentos sagrados do verdadeiro concerto, evitando a atmosfera estéril de um estúdio.

Convidado regular das mais prestigiadas salas de concertos e festivais europeus e americanos, actuou em Londres, Paris, Viena, Berlim, Madrid, Lisboa, Salzburgo, Munique, Roma e Nova Iorque. Colaborou com muitos dos mais proeminentes maestros internacionais, incluindo Myung-Whun Chung, Neeme Järvi, Herbert Blomstedt, Valery Gergiev, Sakari Oramo, Trevor Pinnock, Andrew Litton, Vassilly Sinajskij, Jukka-Pekka Saraste, Alexander Lazarev, John Storgards, Moshe Atzmon, Walter Weller e Evgeny Svetlanov, à frente de muitas das grandes orquestras mundiais, incluindo a Filarmónica de Nova Iorque, a Sinfónica de Montreal, a Filarmónica de Munique, a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, a Philharmonia Orchestra, a Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão e a Sinfónica de Detroit.

Grigory Sokolov realizou várias gravações ao vivo para as editoras Melodya e Opus 111. Estas incluem obras de J. S. Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, Rachmaninov, Prokofiev, Schubert, Schumann, Scriabine e Tchaikovsky. Mais recentemente, gravou em DVD (com realização de Bruno Monsaingeon) um grande recital realizado em Paris, em 2002.

Fonte: Fundação Gulbenkian

P.S.: Obrigado Chico (Canito Preto para os amigos mais chegados) por me teres aberto as portas do conhecimento deste grande expoente do piano!

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - IV

“Euro 2004 custou ao Estado 1035 milhões de euros

Lido no Público de 21-12-2005:

Relatório do Tribunal de Contas expressa preocupação pelos grandes desvios aos valores inicialmente adjudicados pelos promotores públicos dos estádios.
Os encargos públicos globais do Estado português com a realização do Europeu de futebol de 2004 ascenderam a 1035 milhões de euros, resultado apurado pelo relatório do Tribunal de Contas (TC), ontem divulgado, montante que se refere aos custos com as comparticipações directas da Administração Central à construção/remodelação dos estádios públicos e privados, estacionamentos e acessibilidades, custos promocionais, de animação e de funcionamento das várias sociedades criadas para o efeito. A título de comparação, a Ponte Vasco da Gama, para a segunda travessia do Tejo em Lisboa, orçou em 897 milhões de euros.”

Fonte: http://infor-direito.blogspot.com

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - III

“II – Valorizar a Cultura

1. Um compromisso pela cultura

A política cultural para o período 2005-2009 orientar-se-á por três finalidades essenciais. A primeira é retirar o sector da cultura da asfixia financeira em que três anos de governação à direita o colocaram. (…)
O compromisso do PS, em matéria de financiamento público da cultura, é claro: reafirmar o sector como prioridade na afectação dos recursos disponíveis. Neste sentido, a meta de 1% do Orçamento de Estado dedicada à despesa cultural continua a servir-nos de referência de médio prazo, importando retomar a trajectória de aproximação que foi interrompida em Abril de 2002. (…)

5. Afirmar Portugal no Mundo

A cultura constitui um dos vectores principais, se não o principal, para a afirmação de Portugal no mundo.” (…)

Retirado de: Programa Eleitoral PS 2005-2009

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - II

Festa da Música acaba depois de sete edições


Leonor Figueiredo

A Festa da Música acaba por falta de verbas. O Centro Cultural de Belém (CCB) pôs um ponto final no projecto que ao longo de sete anos levou até Belém, além de melómanos encartados, muitos jovens que se iniciavam na música clássica.

O corte de 600 mil euros por parte do Ministério da Cultura foi a gota de água que levou o Conselho de Administração (CA) a acabar com o evento que este ano juntou, em Abril, cerca de 50 mil espectadores.

Só hoje de manhã é que o presidente do CA do CCB, António Mega Ferreira, irá explicar à imprensa como tudo se passou e que tipo de acontecimento colocará em substituição daquela festa que já era tão "popular" em Lisboa.

"A partir do momento em que tivemos um corte de 600 mil euros, ou mantínhamos a Festa da Música, ou cortávamos na programação que anunciámos", revelou, ao DN, António Mega Ferreira, que hoje falará do novo evento, Dias da Música, que decorrerá também a 20, 21 e 22 de Abril, "igualmente com muitos concertos, mas não tantos".

Conquistar novos públicos

Mega Ferreira disse não se tratar de "uma decisão de última hora", porque tinha sido "muito ponderada", tomada há cerca de mês e meio e transmitida por carta de 4 de Outubro a René Martin, o organizador da Folle Journée, em Nantes, França (o DN tentou contactá-lo, sem sucesso) cuja concepção foi exportada para Lisboa, Japão e Bilbao - e basicamente apostava na conquista de novos públicos para a música clássica, jovens e crianças, que encontrariam um ambiente informal, preços mais baratos e um formato de concertos menos demorados.

Os Dias da Música, segundo o responsável pelo CCB, "não poderá custar mais de um terço do que custava a Festa da Música, ou seja, 1,2 milhões de euros". Os sinais não eram encorajadores. A última edição teve menos concertos e o próprio René Martin, que sabia das dificuldades financeiras, conseguira de alguns artistas uma redução de 30 a 40% para virem tocar a Lisboa em Abril passado. Recorde-se, ainda, que em Março o CCB e a Câmara Municipal de Lisboa assinaram um protocolo, onde a autarquia se comprometia a financiar a Festa da Música com 100 mil euros até 2008.

Ministra apoia decisão

Em Setembro, Isabel Pires de Lima dizia no Parlamento, na apresentação do orçamento da tutela, que a Festa da Música tinha "apenas três dias com uma despesa exagerada". Uma opinião que não mudou. A ministra disse ontem ao DN que achava bem "o reajustamento" porque "era um disparate de gestão gastar-se uma percentagem do orçamento absolutamente exorbitante em três dias". Insistindo porém que "não houve cortes reais a nível de programação" no CCB e esta, para 2007, "é muitíssimo melhor do que as temporadas anteriores". Em 2007 não haverá, portanto, a Festa da Música que iria ser dedicada à 'Europa dos Povos', centrando-se em escolas musicais que cresceram entre a década de 50 do século XIX e os anos 20/30 do século XX.

Câmara de Lisboa lamenta

"Como cidadão só tenho de me sentir muito triste. A vida cultural de Lisboa fica muito mais pobre, e bastava lá ter ido uma vez para perceber porquê. Como político acho que se trata de um erro muito maior do que parece", comentou ao DN, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Amaral Lopes.

O vereador considera que a defunta Festa da Música tinha um objectivo que estava a ser cumprido. "Criava hábitos, tinha regularidade, qualidade e democratizava o acesso à música clássica, e chegava a colocar Lisboa no mesmo patamar de outras cidades europeias."

Para Amaral Lopes, "a falta de dinheiro não pode ser desculpa para não haver prioridades como esta", adiantando que se trata de um sinal de que o Governo "desiste de um interesse público".

Fonte: Artigo publicado no Jornal DN

Sobre o fim da Festa da Música no CCB - I

Tenho dias em que me sinto profundamente envergonhado pelo país que somos hoje.
Soube esta manhã que a Festa da Música, que ocorre anualmente no CCB vai terminar. António Mega Ferreira, alega que o corte de 600 mil euros no orçamento do CCB inviabiliza a continuidade deste evento.
Não foi com espanto que recebi a notícia. Normalmente os cortes orçamentais, bem como o desaparecimento súbito de subsídios por parte do Estado Português, acabam por incidir em áreas fundamentais para a sociedade.
A Festa da Música é um evento que tem como um dos seus principais méritos a conquista de novos públicos para a música clássica, sobretudo as crianças e os jovens. Ao longo de anos, vi milhares de pais levarem os seus filhos a este evento. Vi crianças maravilhadas pelos primeiros contactos de perto com os músicos, que estão sempre ali mesmo ao pé de nós. Num corredor podemos ver um violoncelista a afinar o seu instrumento e um barítono a rever a sua partitura. Noutro, damos de caras com um dos nossos melhores pianistas ou com um maestro de renome. A música acontece à nossa volta e em todos os espaços do CCB. Só se respira música.
O preço dos bilhetes é outro enorme aliciante para que tantas pessoas se desloquem à Festa da Música (em 2006 cerca de 50 mil visitantes). Eu frequento a temporada Gulbenkian de música desde há vários anos, mas apesar do seu programa ser de altíssimo nível e sem paralelo no nosso país (a Fundação Gulbenkian é para mim o verdadeiro Ministério da Cultura), os preços são na maioria dos casos incompatíveis com o orçamento familiar da maioria dos portugueses.
A Festa da Música, ao longo de sete edições conseguiu reunir um conjunto único de factores que a transformaram no evento mais importante do nosso país no domínio da música dita erudita. Este evento transformou-se num acontecimento esperado ano após ano e era já uma pedra basilar na vida cultural do nosso país.
Agora acaba. Porquê? Porque não temos orçamento.
Neste país, a Festa da Música só poderia sobreviver se fosse a Festa do Futebol, ou de qualquer outro tipo de actividade em que se investem milhões sem qualquer tipo de retorno para o cérebro.
Porque esta é a verdadeira questão. Este é o tema que interessa abordar. Nós somos o país que somos porque a mentalidade nunca muda. A mudança de atitude de uma nação, de um povo, tem que estar intimamente ligada à cultura do mesmo. Não vale a pena esperar que os nossos filhos saibam construir um país melhor, porque nós não lhes damos as ferramentas para isso. A cultura é a base de tudo. Uma mente educada e disciplinada deve ser uma mente capaz de produzir ideias, gerar debate, criar soluções. No futuro, é provável que muitos dos nossos filhos sejam homens e mulheres com fraca capacidade empreendedora e de projecto. Mas a culpa deve pesar nas consciências de todos nós hoje, porque se acontecimentos como a Festa da Música entram para a lista de “eventos culturais em vias de extinção ou realmente extintos”, a culpa não é só do Estado e dos mecenas que ora apoiam, ora não apoiam. Os responsáveis somos todos nós, porque um estado corresponde ao somatório de todos os indivíduos que dele fazem parte.
Alguém se interessa? Alguém está disposto a mudar? Alguém ainda acredita em Portugal?

MMorgado

Monday, November 13, 2006

Grandes Pianistas - Sviatoslav Richter

"The rhythm in Richter's performances makes one feel that the whole work lies before him like an immense landscape, revealed to the eye at a single glance"

Heinrich Neuhaus



Born: 20 March 1915, Zhitomir (near Kiev)
Died: 1 August 1997, Moscow

Ukrainian pianist Sviatoslav Richter was soon dubbed "notoriously unreliable" - cancelling concerts almost every year (often at the last moment) or changing his whole programme. But there were always inner constraints or health reasons, and ultimately it has not harmed his reputation as one of the world's finest pianists.

As a boy, Richter had only sporadic piano lessons, yet a natural, insatiable curiosity about everything to do with music helped him on his way until he began as a repetiteur at the Odessa Opera when he was eighteen. This period endowed him with a knowledge of opera unusual in a pianist and taught him how to make the piano "sing". The same year he began rehearsing the piano literature in earnest, gibing his first public recital - still self-taught - the following year. At twenty-two he entered the Moscow Conservatory, as a pupil of Heinrich Neuhaus, and under the latter's intelligent direction he matured into a professional, without losing his originality.

His phenomenal sight-reading, which, like his remarkable memory and fascinating musical instinct, marked out this "born" pianist, thrilled Neuhaus: "The rhythm in Richter's performances makes one feel that the whole work, even if it is of gigantic proportions, lies before him like an immense landscape, revealed to the eye at a single glance and in all its details."

Though really too old to start a concert career, Richter - first in Eastern Europe, then from 1960 in the West and Japan - was a global sensation. Take his first concert in Finland: "After the first sonata, there was enormous applause; after the next one they started tapping their feet, which, in Helsinki, is their expression of the utmost admiration, and after the 'Appassionata' one feared that the floor might give away". The 1960's showed Richter at the height of his powers, but the punishing concert schedule he imposed upon himself undermined his health.

Audience and press were constantly enthralled anew by Richter's playing, offered "in affectionate service to the composer as a first and last aim", as a reviewer once wrote, and as late as 1989 the London press said of the seventy-four-year-old that he had the most perfect technique ever applied to the keyboard. Though Richter said he hated making recordings, over 50 are currently available, many of them milestones of pianistic history.


In: http://www.deccaclassics.com/

Wednesday, November 08, 2006

Arturo Benedetti Michelangeli - Quem não tem vá a correr comprar!


ARTURO BENEDETTI MICHELANGELI

BEETHOVEN: Klavierkonzerte / Piano Concertos
Nos. 1, 3, 5 · Klaviersonate / Piano Sonata
No. 4 · BRAHMS: 4 Balladen op. 10 · SCHUBERT:
Klaviersonate / Piano Sonata D 537 · CHOPIN:
10 Mazurkas · Prélude op. 45 · Ballade op. 23
Scherzo op. 31 · DEBUSSY: Préludes · Images
Children's Corner · MOZART: Klavierkonzerte
Piano Concertos Nos. 13, 15, 20, 25 · SCHUMANN:
Carnaval · Faschingsschwank aus Wien

Wiener Symphoniker · NDR-Sinfonieorchester
Carlo Maria Giulini · Cord Garben

CD DDD 469 820-2 GB 8
AAD / ADD (partly)
8 Compact Discs
Collectors Edition

Arturo Benedetti Michelangeli

"I do not play for others," Michelangeli once confessed, "but only for myself in the service of the composer. It makes no difference whether there is an audience or not; when I am at the keyboard I am lost. And I think of what I play, and of the sound that comes forth, which is a product of the mind." When he walked out onto the platform, according to the testimony of one close associate, he was often enveloped in a mysteriously self-induced trance, which excluded consciousness of everything but the music. Like many people perceived as arrogant and cold, he was in fact intensely shy, and his notoriously unsmiling demeanour on the platform derived from his belief that applause should be for the composer, not the performer.

It must be admitted that both pianistically and interpretatively Michelangeli, to use a current phrase, was the ultimate "control freak", sparing no pains in his quest for unbreachable security. "If one never worried about doing something that requires such infinite care and skill, one would be an idiot," he once remarked. "The relaxed ones are the idiots. There is always the unpredictable element, the possibility that something may go wrong." The idea, however, that as a performer he was tantamount to an automaton, or as reliably consistent as a fine-tuned computer, is mistaken. His command of the keyboard was indeed awe-inspiring, though not perhaps quite as unique as contemporary legend would have it (Hofmann, Godowsky, Horowitz and Richter were hardly his inferiors, nor indeed are his pupils Argerich and Pollini), his accuracy just this side of superhuman (though there's at least one reassuring fluff in the present collection), his pedalling as deft and subtle as his fingering, his tonal palette apparently infinite, and deployed and controlled with astonishing precision - never more so than in the present performances of the Debussy Préludes (sample "La Puerta del Vino" on CD 8 for starters).

In his long, though sometimes interrupted, career, Michelangeli reputedly cancelled more concerts than he gave (generally a combination of perfectionism and arthritis), and his repertoire is still widely reputed to be among the smallest in pianistic history. The facts, as demonstrated even in the present collection, tell a different story. Indeed the works he performed and recorded were greater in number and wider in range than those of many stellar icons, and he carried in his head and fingers most, if not all of the 32 Beethoven Sonatas, most of the works of Chopin, many of the piano works of Mozart, Schubert, Schumann, Brahms and Liszt, and, perhaps surprisingly, a lot of Reger (like his great compatriot Busoni, he was in many ways more Germanic than Latin). He championed Schoenberg, though he openly despised much music of the later 20th century, and gave many loving performances of Bach (whom he later decided not to play on the piano, confining his Bach playing to the organ, though never in public). In addition to his core repertoire of Scarlatti, Beethoven, Schubert, Schumann, Chopin, Brahms, Debussy and Ravel, he played a wealth of Albéniz, Balakirev, Falla, Galuppi, Granados, Grieg, Martucci, Mompou, Paradisi, Respighi, Tchaikovsky, Tomeoni and Weber, and he adored Rachmaninov (while recording, curiously, only the seldom heard Fourth Concerto).

He was also an accomplished violinist, playing the instrument since the age of three - a fact that has strangely eluded the standard Michelangeli mythology and remains little known even today. At ten he entered the Milan Conservatory, where he finally opted for the piano, graduating with honours three years later. In 1939 he entered the International Piano Competition at Geneva and won, to nobody's surprise (the great Alfred Cortot proclaimed him "a new Liszt"). Barely out of his teens, he now astonished everyone by evidently spurning the glittering career that awaited him and becoming a professor of piano at the Conservatory in Bologna, while simultaneously entering medical school, where he remained for five years. He abandoned medicine but remained a teacher for much of his life, numbering among his many pupils (whom he accommodated and taught free of charge) not only Argerich and Pollini but Ivan Moravec, Jörg Demus, Walter Klien and Adam Harasiewicz. During the Second World War he served as a pilot in the Italian Air Force before joining the anti-Fascist underground. There followed eight months of incarceration by the Nazis, reputedly brought to an end by a spectacular escape. He was also an enthusiastic racing-car driver who entered (but did not win) the Mille Miglia auto race. With all this, one might well ask, who needs legends?

Like many, perhaps even most, of the greatest artists, Michelangeli was always controversial, often arousing outspoken hostility in his fellow musicians (one described him as "the Great Mortician"), while in others inspiring a degree of idolatry hardly seen since the heyday of Liszt in the 19th century. To numerous others, however, he remained an enigma - even to some of his friends, one of whom wrote in his diary, "Beyond reproach, as ever. The notes exactly as written. Technically perfect. Yet it all remains glacial." And later: "He is a real perfectionist. But I think this fanaticism and the extreme instrumental standards he sets for himself prevent his imagination from taking flight, and stop him expressing any real love for the work he's performing so impeccably. It is 'inspiration' that's missing. But - one doesn't judge a master. ... I've no wish to criticize a great artist." These are not the words of a mere critic - they come from one of the greatest pianists of the 20th century, Sviatoslav Richter (and in writing thus, he spoke for many). Even at this exalted level, musical reactions are notoriously subjective. But in one respect (like many other commentators, it must be said), Richter was not being strictly accurate. Very often, and as designedly as he did everything else, Michelangeli did not play the notes "exactly as written".

A frequent though not consistent feature of his playing, evidenced repeatedly in the present collection, in a wide range of music, was the calculated non-synchronization of the hands - almost a cliché among 19th-century Romantics, as typified by Paderewski, but a rarity indeed among their conscientiously "objective" 20th-century counterparts and emphatically not indicated in the score. For Michelangeli, needless to say, the device was no casual, self-indulgent or automatic mannerism but a means of illuminating the harmonic basis of even the most polyphonic textures. It was also, as one of his pupils, Renato Premezzi, has pointed out, a means of "allowing the bass to set up and enhance the treble", thus enriching the dimensions of sonority. And no pianist ever gave more concentrated attention to sonority than Michelangeli. The roots of his obsession, however, were not what one might imagine. To begin with, he actively disliked the piano, finding it altogether too percussive. Early on in his musical life, he stopped listening to other pianists, withdrew into himself and began studying on his own. "I discovered that the sounds made by the organ and the violin could be translated into pianistic terms", he told an interviewer. "If you speak of my tone, you must not think of the piano, but a combination of the violin and the organ."

If Michelangeli's phenomenal pianism was consistent throughout his career (he had mastered Brahms's fiendish Variations on a Theme of Paganini by the time he was 14), his interpretations over the years were not. Contrary to his reputation in certain circles, he was not an artist whose vision of a work ossified into a single, eternal conception. His several recorded performances of Ravel's Gaspard de la nuit, like his Beethoven recordings, show significant differences. Nor, greatly to his credit, was he consistent in his approach even to a single composer. As CDs 1 & 2 make abundantly plain, it is nonsense to talk about "Michelangeli's Mozart". Each work is approached from a standpoint almost entirely dictated by the intrinsic character and properties of the piece itself, as seen by Michelangeli at that particular time. Nothing reveals this more strikingly than his use of the piano itself. It seems unlikely that any pianist in history has had a more sovereign control or commanded a wider range of tone colours. The chances of his achieving any quality of sound by mistake are virtually non-existent.

Despite his near obsession with sonority, he was too scrupulous a musician to cultivate it for its own sake. He used it not only for expressive and atmospheric but also for structural purposes. So it is of more than ordinary interest that his chosen sound world for each of the four Mozart Concertos recorded here is unique to that particular performance. Compare the piano entries in the two C major Concertos, for instance. They might have come from two different pianists, as well as two different instruments. His reasoning and convictions were not always easy to understand, but given the artistic integrity, the tireless intellect and the intense dedication of the man at the keyboard, it behoves us to try. He may persuade us, or he may not, but he demands our attention.

Jeremy Siepmann

In: http://www.deutschegrammophon.com/

Saturday, November 04, 2006

scapeland - o blog fotográfico

"O TEU DESTINO DEVERIA TER PASSADO NESTE PORTO ONDE TUDO SE TORNA IMPESSOAL E LIVRE ONDE TUDO É DIVINO COMO CONVÉM AO REAL"

(SMBA)

Estão convidados a visitar o meu blog de fotografia, em:

http://scapeland.blogspot.com/

Por motivos de ego, todo o trabalho fotográfico exposto é da minha autoria.

Friday, October 27, 2006

Vladimir Horowitz - Ou a Magia do Piano


"On revient toujours..." For most Europeans, Vladimir Horowitz had remained for many years an American legend. Then in 1982 he returned to London to give his first concerts there in over 28 years and in 1985 traveled to Milan and Paris for his first recitals on the continent in over 30 years. In autumn 1985 Horowitz re-established contact with Hamburg, where his international career began in 1926, by announcing that Deutsche Grammophon was his new recording partner.

Born in Kiev on 1 October 1904, Horowitz had already made a name for himself in Russia before he turned 20. His fame began to spread when he left Russia for Germany in 1925 and was immediately recognized as a sensational new talent, resulting in appearances in England and France. 1928 marked his American debut, 1940 his emigration to the U.S.A. and 1945 his acquisition of American citizenship, He became known as the most virtuosic of all virtuosos, and each concert was an event of unprecedented significance. In 1953 Horowitz withdrew from the clamor that had surrounded his every appearance and he subsequently avoided public exposure. Over the next 12 years he did, however, make recordings and devoted much time to studying new works. His historic comeback in 1965 at Carnegie Hall was the first of the relatively few public recitals he was to give over the next years, most of them on Sunday afternoons at Carnegie. In the 1980s he started to agree to short journeys outside the United States, to Europe and Japan.

Horowitz's reputation as the "Liszt of our age" or "virtuoso without limits" stems also from the numerous recordings he had made since the 1920s. Some of his interpretations on disc, such as the 1930 recording of Rachmaninov's Third Piano Concerto or Liszt's B minor Sonata (1932) have attained historic significance. They document that the young Horowitz had not merely earned his name as the "tornado from the steppes", as concert critics called him, but that he was also a musician with a highly developed sense of form. In his extensive discography, his recordings of Chopin, Schumann and Rachmaninov abound. Horowitz also devoted special attention to the music of Scriabin and Scarlatti. But his repertoire didn't fail to include works by the Vienna classicists. The most famous of his concerto recordings is the 1943 production of the Tchaikovsky B flat minor Concerto with father-in-law Arturo Toscanini. As Horowitz's recordings in the years before his contractual relationship with Deutsche Grammophon were exclusively live tapings, the return of the 81-year-old pianist to the studio in 1985 was a historic event. In the course of his Yellow Label career, he recorded recitals of music by Schumann, Mozart, Schubert, Liszt, Chopin, Scriabin, Rachmaninov, Scarlatti and more, as well as the Mozart Piano Concerto No. 23 with Carlo Maria Giulini. Vladimir Horowitz died in New York on 5 November 1989.


Fonte:

http://www.deutschegrammophon.com/

Friday, October 06, 2006

self portrait

Terminado hoje. Ponto.

Composição

O traço estende-se
e ocupa a folha branca.
Deixa agora ver as linhas
onde antes nada era.
Desenha o que não vês
e esconde o resto
no espaço ausente.
A perspectiva passa
e os riscos mudam.
Forma-se no olhar
um ponto de fuga,
e o vislumbre
torna-se mais claro.

Wednesday, October 04, 2006

Terrorismo - Opus 9

Cruzado.
A caminho da Terra Santa.
Num cavalo de pau montado,
com a espada à cintura.
Vais a caminho do teu Deus,
que julgas melhor que o dos outros.
Na tua cruzada conquistas, convertes, matas.
Falas e fazes em nome de um Deus maior.
Por Ele espalhas o terror.
Do teu nome a história reza apenas os crimes.
Nada fica dessa obra grandiosa
em nome de uma fé maior.
Nada resiste desse ofício de dor
que semeias ao passar.
Dos teus ossos nem o pó
um dia vai restar.

Século XXI (ou o homem egoísta)

Se depender do grito
talvez ainda alguma coisa mude.
Talvez alguém ainda se importe.
Falámos tanto de tudo
que agora as palavras
perderam o significado.
Já nada interessa a ninguém,
somos estranhos numa terra estranha.
A última moda dita que
o próximo não importa. Não conta.
Quem vai querer saber?
Só conto eu e eu.
Os outros parecem fantasmas.
Feios, negros, maus, distantes.
Tudo longe, tudo frio.
Morremos um dia de cada vez
sem olharmos para ninguém.
Os outros são os outros,
são pretos, são brancos ou amarelos,
mas não são meus. Não são eu.
O que será do homem
quando souber pelos outros
que já nem de si quer saber?

Fragmento do Piano

Terminado há dois meses. Publico-o hoje.

Tuesday, October 03, 2006

Cervantes (ou a longa noite)

Passou o minuto.
Não vi onde.
Nem quem trouxe as cores
para pintar o muro mudo.

A praia perdeu o mar
dentro da casca do tempo,
mas nem o frio
quebrou o seu silêncio.

Passou o teu espaço.
Perdeu-se no branco.
A palavra ficou só,
apenas Dulcineia a contempla.

The City

Terminado Hoje. Publico-o aqui.

Monday, October 02, 2006

Bauhaus - The building of the future


The Bauhaus masters on the roof of the Bauhaus building in Dessau. From the left: Josef Albers, Hinnerk Scheper, Georg Muche, László Moholy-Nagy, Herbert Bayer, Joost Schmidt, Walter Gropius, Marcel Breuer, Vassily Kandinsky, Paul Klee, Lyonel Feininger, Gunta Stölzl and Oskar Schlemmer.

Bauhaus 1919-33

The Bauhaus began with an utopian definition: "The building of the future" was to combine all the arts in ideal unity. This required a new type of artist beyond academic specialisation, for whom the Bauhaus would offer adequate education. In order to reach this goal, the founder, Walter Gropius, saw the necessity to develop new teaching methods and was convinced that the base for any art was to be found in handcraft: "the school will gradually turn into a workshop". Indeed, artists and craftsmen directed classes and production together at the Bauhaus in Weimar. This was intended to remove any distinction between fine arts and applied arts.

The reality of technical civilisation, however, led to requirements that could not only be fulfilled by a revalorisation of handcraft. In 1923, the Bauhaus reacted with a changed program, which was to mark its future image under the motto: "art and technology - a new unity". Industrial potentials were to be applied to satisfactory design standards, regarding both functional and aesthetic aspects. The Bauhaus workshops produced prototypes for mass production: from a single lamp to a complete dwelling.

Of course, the educational and social claim to a new configuration of life and its environment could not always be achieved. And the Bauhaus was not alone with this goal, but the name became a near synonym for this trend.

The history of the Bauhaus is by no means linear. The changes in directorship and amongst the teachers, artistic influence from far and wide, in combination with the political situation in which the Bauhaus experiment was staged, led to permanent transformation. The numerous consequences of this experiment still today flow into contemporary life.

In:

www.bauhaus.de

Bauhaus - O Manifesto

Walter Gropius in front of his competition entry for the Chicago Tribune Tower 1922, taken in 1928.


Manifesto

The ultimate aim of all creative activity is a building! The decoration of buildings was once the noblest function of fine arts, and fine arts were indispensable to great architecture. Today they exist in complacent isolation, and can only be rescued by the conscious co-operation and collaboration of all craftsmen. Architects, painters, and sculptors must once again come to know and comprehend the composite character of a building, both as an entity and in terms of its various parts. Then their work will be filled with that true architectonic spirit which, as "salon art", it has lost.

The old art schools were unable to produce this unity; and how, indeed, should they have done so, since art cannot be taught? Schools must return to the workshop. The world of the pattern-designer and applied artist, consisting only of drawing and painting must become once again a world in which things are built. If the young person who rejoices in creative activity now begins his career as in the older days by learning a craft, then the unproductive "artist" will no longer be condemned to inadequate artistry, for his skills will be preserved for the crafts in which he can achieve great things.

Architects, painters, sculptors, we must all return to crafts! For there is no such thing as "professional art". There is no essential difference between the artist and the craftsman. The artist is an exalted craftsman. By the grace of Heaven and in rare moments of inspiration which transcend the will, art may unconsciously blossom from the labour of his hand, but a base in handicrafts is essential to every artist. It is there that the original source of creativity lies.

Let us therefore create a new guild of craftsmen without the class-distinctions that raise an arrogant barrier between craftsmen and artists! Let us desire, conceive, and create the new building of the future together. It will combine architecture, sculpture, and painting in a single form, and will one day rise towards the heavens from the hands of a million workers as the crystalline symbol of a new and coming faith.

WALTER GROPIUS

http://www.bauhaus.de/

World Press Photo 2006

World Press Photo 2006 e Prémio Visão Fotojornalismo 2006
Co-produção: CCB, World Press Photo Foundation e revista Visão
29 de Setembro a 22 de Outubro de 2006

De terça a domingo, das 10:00 às 19:00. Última entrada às 18:15
Galeria 2/ Piso 1 do Centro de Exposições
O júri internacional do 49.º concurso anual da World Press Photo elegeu uma fotografia a cores do fotógrafo canadiano Finbarr O Reilly, da Agência Reuters, como a imagem World Press Photo do ano 2005.

A fotografia foi tirada em Tahoua, no noroeste do Níger, em 1 de Agosto de 2005.
O presidente do júri, James Colton, descreve assim a imagem vencedora: Esta fotografia persegue-me desde que a vi pela primeira vez. Permaneceu na minha cabeça, constante, mesmo após ter visto os milhares de outras fotografias a concurso. Esta imagem tem tudo – beleza, horror e desespero. É simples, elegante e comovente.
Este ano, 4448 fotógrafos profissionais de 122 países submeteram 83 044 imagens a concurso.
As sessões do júri decorreram em Amesterdão de 28 de Janeiro a 9 de Fevereiro e foram totalmente digitais.

6.º Prémio Fotojornalismo VISÃO Banco Espírito Santo
O Grande Prémio desta sexta edição foi atribuído a Pedro Correia do Jornal de Notícias. O Prémio Fotojornalismo VISÃOBanco Espírito Santo, o maior galardão nacional destinado a distinguir o que de melhor se faz em fotografia para imprensa, associa-se mais uma vez à World Press Photo. O resultado é uma exposição com dezenas de imagens, um retrato dos momentos mais marcantes de 2005.
Fonte: CCB

Thursday, August 10, 2006

De Battre Mon Coeur s'est Arrêté - Um filme Genial

"Jacques Audiard fez o remake de um filme americano de James Toback, "Fingers", para contar uma metamorfose impossível: como é que um jovem vai passar do interesse à paixão, de um mundo brutal e podre para o laborioso da música. É acreditar em algo inverosímil ou seguir o destino estilhaçado de um herói? Audiard responde fechando a sua câmara em Romain Duris, olhar teimoso, andar desajeitado, brutal, instintivo e subitamente iluminado pelo desejo de fazer algo diferente, mais do que ser alguém diferente. Todo o filme assenta neste vacilar de um ser, esta mudança improvável mas profunda. (...)
Actor permanente deste psicodrama musical, Romain Duris nunca esteve tão presente e nunca foi tão credível. Todo o filme, denso e nervoso, vale sobretudo pela audácia do realizador e pela interpretação do actor. O coração não pára de bater, dá-se por vencido como um punho que bate no teclado de um piano."
Dominique Borde, Le Figaro

Publicado em:

Tuesday, August 08, 2006

Pablo Neruda - Oda al Piano

Estaba triste el piano
en el concierto,
olvidado en su frac sepulturero,
y luego abrió la boca,
su boca de ballena:
entró el pianista al piano
volando como un cuervo,
algo pasó como si cayera
una piedra de plata
o una mano
a un estanque
escondido:
resbaló la dulzura
como la luvia
sobre una campana,
cayo la luz al fondo
de una casa cerrada,
una esmeralda recorrió el abismo
y sonó el mar,
la noche,
las praderas,
la gota del rocío,
el altísimo trueno,
cantó la arquitectura de la rosa,
rodó el silencio al leche de la aurora.

Así nació la música
del piano que moría
subió la vestidura
de la náyade
del catafalco
y de su dentadura
hasta que en el olvido
cayó el piano, el pianista
y el concierto,
y todo fue sonido,
torrencial elemento,
sistema puro, claro campanario.

Entonces volvió el hombre
del árbol de la musica.
Bajó volando como
cuervo perdido
o caballero loco:
cerró su boca de ballena el piano
y él anduvo hacia atrás,
hacia el silencio.

Pablo Neruda

Wednesday, July 05, 2006

Bomb

Terminado hoje. Publico-o Aqui.

Tuesday, July 04, 2006

O Violoncelo

Terminado hoje. Publico-o aqui.

Monday, July 03, 2006

Conflito

É tempo. Já é tempo.
É altura de parar. Ainda vale a pena.
Nem tudo está gasto ou morto.
Há quem ainda acredite que se consegue.
Nas notícias dizem que talvez
se chegue a um acordo.
Ouvi que o cessar-fogo está para breve.
Sei lá. Os tipos que apregoam a paz
são os mesmos que vendem as armas.
Vejo passar os jipes brancos da ONU
com miúdos a correr atrás.
Vendem a esperança a quem a quiser comprar.
Num sítio onde já quase todos a perderam.
Um ainda acredita. Dez mil duvidam.
Os mortos já não contam. Esses nunca contaram.

Friday, June 30, 2006

Recital - 24 Junho 2006 - Colégio MIlitar



Compositores Interpretados: Chopin e Mussorgsky

Thursday, June 22, 2006

COEXISTENCE

http://www.coexistence.art.museum/eng/main.htm

Ponto.

Talvez fosse ali.
Precisamente nesse lugar onde nada pode existir.
Nem o pó que sobrou dos restos da guerra,
nem a ferrugem dos cascos de velhos navios.
Nada de nada que lembre os vestígios
ou qualquer traço de humanidade que por ali passou.
Também o tempo aí parou.
Mesmo ele esqueceu as crianças
que correram em tempos pelas ruas
mais estreitas desse ponto sem nome.
Ponto perdido no meio do globo.
Ponto sujo. Ponto abandonado.
Marcado de vermelho pelos projécteis gravados
em todas as paredes de todas as casas.
Em tempos foi notícia em todos
os jornais de todo o mundo.
Hoje não tem guerra, nem bombas, nem filhos
que alguém leve a enterrar.
Hoje não tem nada que o mundo queira lembrar.
Foi em tempos um lugar com vozes
e nunca mais vai ser nada.
Ponto apagado.

Wednesday, June 21, 2006

Tuesday, June 20, 2006

O meu Carro de Sonho

O meu carro de sonho não é. Era.
Era o Mini da minha Mãe.
Branco. Com os bancos pretos.
Nele eu ia para a praia,
ia à pastelaria lanchar,
ia à mercearia da praça,
e ia para a casa da Avó.
Nele eu ia esperar o Pai à estação,
nele eu ia feliz.
O meu Mini, não tinha
muitas coisas que
os carros grandes tinham.
Mas o meu Mini tinha
a minha Mãe e levava-me
a todos os sítios.
Hoje, não sei onde ele está.
Mas continua a ser o meu
carro de sonho.

Hoje Escrevi

Hoje fiz o que já não fazia há muito, muito tempo.
Hoje sentei-me à mesa na velha escrivaninha do avô
e passei uns bons dez minutos a sentir os sulcos
abertos pelo tempo na madeira.
A passear os dedos pela pele verde e pálida do tampo,
já envelhecida pelo sol que durante anos
entrou pelo vidro baço da clarabóia do sótão.
Na pequena gaveta ainda resistem dois aparos antigos,
uma barra de lacre vermelho e a bolsa escocesa do tabaco de cachimbo.
Hoje fiz o que já não fazia há muito, muito tempo.
Sentei-me sem olhar para o relógio e escrevi uma carta a um amigo.
E esta vai ser a minha memória com cheiro a antigo e capa amarelada
durante muito, muito tempo.

Martin Luther King - The Quest for Peace and Justice

"We have learned to fly the air like birds and swim the sea like fish, but we have not learned the simple art of living together as brothers."

"Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar no mar como os peixes, mas não aprendemos a simples arte de viver juntos como irmãos."

Nobel Lecture, December 11, 1964


---------------------------------------

MLK foi Prémio Nobel da Paz em 1964.

As suas palavras fazem hoje tanto ou mais sentido do que no seu tempo.
O grande desafio desta e das próximas gerações, o grande teste de cada homem e mulher é verdadeiramente este: aprender a viver em paz com o seu semelhante, como se nas suas veias corresse o mesmo sangue.
Este é o único factor que pode conduzir à evolução e continuação da espécie.
Estamos dispostos a mudar? Queremos? Seremos capazes algum dia?

Ashes and Snow - Equilíbrio entre Homem e Animal

Ashes and Snow - O Maravilhoso Mundo de Colbert

Ashes and Snow é um projecto continuado do aclamado fotógrafo Gregory Colbert, que combina diversos trabalhos fotográficos, filmes em 35mm e um livro. Fruto de um árduo exercício de paciência e determinação para com a natureza expressiva e artística dos animais, ele capta de uma forma única momentos extraordinários de interacção entre humanos e animais.
Este notável trabalho de arte abrange mais de quarenta espécies animais diferentes de todo o mundo. Desde o início do projecto que Colbert empreendeu mais de 30 expedições a locais tão diversos como a Índia, Egipto, Burma, Tonga, Sri Lanka, Namíbia, Quénia, Antárctica, Açores e Bornéu.
O conjunto de trabalhos reunidos sob o nome Ashes and Snow foi pela primeira vez apresentado ao público em 2002 no Arsenale, em Veneza e tem programada uma expedição itinerante pelo mundo, sem uma data final concreta.
A casa desta exposição em perpétuo movimento tem o nome de Nomadic Museum, uma obra projectada pelo arquitecto japonês Shigeru Ban, um nome conceituado da arquitectura contemporânea. Única no seu género, define-se como uma estrutura temporária construída com materiais totalmente recicláveis e reutilizáveis – contentores de mercadorias são utilizados para as paredes e rolos/canudos de cartão para o tecto e colunas – sublinhando uma nova visão arquitectónica totalmente conceptual.
O título Ashes and Snow, induz imagens de beleza e renovação, ao mesmo tempo que sublinha a componente literária da exposição – a narrativa sobre a jornada de um homem que ao longo de um ano escreve 365 cartas para a sua mulher.
Colbert, que define os animais como as obras-primas da natureza, fotografa e filma nos seus habitats originais com o objectivo superior de captar a verdadeira essência e “voz” de cada animal.
Ashes and Snow apresenta-se através de 100 fotografias em grande escala, um filme com a duração de uma hora e dois pequenos documentários. Nenhuma das imagens que podemos ver foi tratada digitalmente ou sobreposta a outra. Tudo o que vemos é o que Colbert viu e gravou através das suas lentes e objectivas. Apesar da utilização de máquinas fotográficas e de filmar, nenhuma das imagens expostas corresponde a um still de filme.
Os animais retratados em fotografia e filme são animais no seu estado selvagem e também animais habituados ao contacto com o homem.
O trabalho fotográfico reside em técnica de umber e sépia aplicada através de pintura a cera sob acção de uma fonte de calor sobre papel artesanal japonês. As fotografias, de grande dimensão, são expostas sem comentário com o objectivo de incentivar a interacção entre observador e imagem.

Para mim traduz-se na mais notável apresentação da relação natural entre humano e animal.

No campo de links deste blog encontram uma passagem para o maravilhoso mundo de Colbert. Entrem na página e desliguem do mundo durante algum tempo. Percam-se na contemplação de uma das mais belas formas de arte que conheci desde há muito.

Monday, June 19, 2006

Pieter Bruegel - Le Repas de Noces (1568)


Óleo sobre Tela - 114 x 164 cm
Vienne, Kunsthistorishes Museum Wien

Manifesto - Pobreza Zero

Mais de 900 organizações internacionais em estreita coordenação com organizações e movimentos sociais de base em mais de 100 países promovem a maior mobilização de sempre na luta contra a pobreza no mundo. A sociedade portuguesa não pode ficar indiferente.
Manifestamos:
que a persistência da pobreza e da injustiça social no mundo não tem justificação. Apesar dos esforços realizados durante décadas, a desigualdade entre ricos e pobres continua a aumentar. Hoje mais de 3.000 milhões de pessoas carecem de uma vida digna por causa da pobreza. Fome, SIDA, analfabetismo, discriminação de mulheres, destruição da natureza, acesso desigual à tecnologia, deslocação maciça de pessoas devido aos conflitos, migrações provocadas pela falta de equidade na distribuição da riqueza a nível internacional. São as diferentes facetas do mesmo problema: a situação de injustiça que afecta a maioria da população mundial.
que o desenvolvimento sustentável no planeta está seriamente ameaçado porque um quinto da população mundial consome irresponsavelmente, com a consequente sobre-exploração de recursos naturais.
que as razões da desigualdade e a pobreza se encontram na forma como organizamos a nossa actividade política e económica. O comércio internacional e a especulação financeira que privilegia as economias mais poderosas, uma dívida externa asfixiante e injusta para muitos países empobrecidos, bem como um sistema de ajuda internacional escasso e descoordenado tornam a actual situação insustentável.
que para conseguir a eficácia das políticas de Desenvolvimento Institucional, o Desenvolvimento Humano Sustentável e Bens Públicos Globais é imprescindível implementar uma governação global democrática e participativa.
que o crescimento económico espectacular dos últimos anos não contribuiu para garantir os direitos humanos nem para melhorar as condições de vida em todas as regiões do mundo, nem para as pessoas, independentemente da sua condição, género, etnia ou cultura.
que lutar contra a pobreza, nas suas diferentes dimensões, significa actuar contra a exclusão das pessoas, a favor das garantias dos seus direitos económicos, sociais e culturais que se traduzem em protecção, trabalho digno, rendimento, saúde e educação, poder, voz, meios de subsistência sustentáveis, em condições de igualdade. É um compromisso irrenunciável e inadiável: toda a sociedade no seu conjunto é responsável pela sua concretização.
Pedimos:
mais ajuda pública para o desenvolvimento, dando prioridade aos sectores sociais básicos, até alcançar o compromisso dos 0,7% do PIB.
melhor ajuda, desligada de interesses comerciais, orientada para os países mais pobres e coerente com os Objectivos do Milénio.
mais coerência nas diferentes políticas dos nossos governos para que todas elas contribuam para a erradicação da pobreza.
perdoar a dívida: os países ricos, o Banco Mundial e o FMI devem perdoar a 100% a dívida dos países mais pobres.
dívida por desenvolvimento: investir os recursos criados pelo perdão da dívida dos países pobres para alcançar os Objectivos do Milénio.
mudar as normas do comércio internacional que privilegiam os países ricos e os seus negócios e impedem os governos dos países pobres de decidir como lutar contra a pobreza e proteger o meio ambiente.
eliminar os subsídios que permitem exportar os produtos dos países ricos abaixo do preço de custo de produção, prejudicando o sustento das comunidades rurais nos países pobres.
proteger os serviços públicos com o fim de assegurar os direitos à alimentação, o acesso à água potável e a medicamentos essenciais.
favorecer o acesso à tecnologia por parte dos países menos desenvolvidos, de acordo com as suas necessidades,para que possam usufruir dos seus benefícios.
Lisboa, 1 de Julho de 2005

Cinzento

Silêncio, antigo, filme, pau e pedra.
Melancolia, dias, horas, noite farpada.
Tudo, todos, ausência de chão, humano.
Animal, plano, verde, montes e sombras.
Canto, grito, voz que se perde.
Memória, inexacto, infernal, Dante.
Comédia, tempo, avenida, calçada.
Passos, movimento, pedinte.
Homem, mulher, tu e eu.
Nu, som, sombra, horizonte.
Clave, corda, nota, brutal.
Grave, agudo, claro e escuro.
Palheta, vibração, mão.
Paleta, cores, preto e branco.
Preto e branco.
Fechado.

Comemoração do Cinquentenário da Fundação Gulbenkian

"Criada a 18 de Julho de 1956, a Fundação Calouste Gulbenkian comemora este ano o seu cinquentenário. Vamos celebrar a nossa actividade nas Artes, Beneficência, Ciência e Educação com um programa comemorativo que irá decorrer ao longo dos anos de 2006 e 2007.

O programa vai incluir um fórum cultural, espectáculos, exposições, edição de livros, conferências internacionais, um ciclo de cinema e novos prémios.

Todas as iniciativas vão procurar cumprir quatro objectivos fundamentais: homenagear o Fundador, assinalar condigna e devidamente a actividade realizada ao longo destes primeiros 50 anos, recordar todos quantos deram corpo à Instituição e lançar as perspectivas do futuro.
Da meia centena de iniciativas previstas, destacam-se:

• exposições dedicadas a Calouste Gulbenkian, a inaugurar na data oficial do aniversário da Fundação• a mostra dedicada a Amadeo de Souza-Cardoso, no seu contexto internacional, a par do lançamento do primeiro volume do catálogo raisonné do artista

• a apresentação, em 2006, de obras da colecção de arte britânica do Centro de Arte Moderna na Tate Britain em Londres

• a realização de um fórum cultural de carácter multidisciplinar - O Estado do Mundo - transversal a várias áreas e sensibilidades e envolvendo curadores internacionais, que contemplará um leque alargado de eventos em várias áreas culturais e artísticas

• o regresso do cinema ao écran do Grande Auditório, pela mão de João Bénard da Costa

• a publicação de uma obra colectiva sobre a história da Fundação e o seu impacto na sociedade portuguesa, coordenada por António Barreto

• a instituição de novos prémios a atribuir pela Fundação no âmbito das suas finalidades estatutárias, são outras das iniciativas incluídas no programa.

Entre os vários espaços de reflexão propostos sobre diversos temas, destaca-se:

• a conferência internacional sobre Que valores para este Tempo?, a realizar em Outubro de 2006, dedicada à actual crise geral de rumo e de sentido dos valores

• e a conferência internacional Imigração – Oportunidade ou Ameaça?, cujo comissário é António Vitorino."

(Fonte: Site da Fundação Gulbenkian)

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Portuguese Version Source: United Nations Information Centre

Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.

Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8°
Toda a pessoa direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11°
Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.

Artigo 13°
Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14°
Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15°
Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16°
A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17°
Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade.
Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21°
Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23°
Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.

Artigo 25°
Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.

Artigo 26°
Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 27°
Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29°
O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

All the Invisible Children

A Amnistia Internacional Portugal Recomenda este filme

CRIANÇAS INVISÍVEIS (All the Invisible Children)

Oito conceituados realizadores uniram-se para o projecto deste filme - Medhi Charef (África do Sul), Emir Kusturica (Sérvia - Montenegro), Spike Lee (Estados Unidos), Katia Lund (Brasil), Jordan Scott e Ridley Scott (Inglaterra), Stefano Veneruso (Itália) e John Woo (China). Cada um, com uma história diferente para contar, relata a frágil situação das crianças, em várias partes do mundo.
Tanza, Ciro, Uros, Bilu, João e Song Song são alguns dos jovens protagonistas do filme. As suas histórias, falam em nome de milhões de crianças que não têm direito a um nome ou a um rosto: histórias de violação dos direitos humanos, má nutrição e pobreza, mas também de crianças que anseiam por um futuro melhor, mesmo sendo trabalhadores ilegais, crianças forçadas a entrarem nas guerras dos adultos ou jovens vítimas da epidemia da SIDA.
O filme dá voz a essas crianças, tornando-as visíveis e, ao mesmo tempo, comunicando os seus sentimentos e histórias na primeira pessoa. Todas estas diferentes histórias se referem a problemas actuais das crianças. O filme ilustra, de maneira expressiva, a capacidade que as crianças têm para enfrentar, com esperança e força, até as situações mais difíceis.
Milhões de crianças são privadas dos seus direitos pela exploração e pela guerra. Três milhões de crianças em todo o mundo passam fome. Mais de 100 milhões nunca frequentaram uma escola.«CRIANÇAS INVISÍVEIS» é um filme inteiramente dedicado a essas crianças.

All the Invisible Children2005

116 minutos

França/Itália

http://www.alltheinvisiblechildrenmovie.com/index2.pl