Tuesday, June 20, 2006

Hoje Escrevi

Hoje fiz o que já não fazia há muito, muito tempo.
Hoje sentei-me à mesa na velha escrivaninha do avô
e passei uns bons dez minutos a sentir os sulcos
abertos pelo tempo na madeira.
A passear os dedos pela pele verde e pálida do tampo,
já envelhecida pelo sol que durante anos
entrou pelo vidro baço da clarabóia do sótão.
Na pequena gaveta ainda resistem dois aparos antigos,
uma barra de lacre vermelho e a bolsa escocesa do tabaco de cachimbo.
Hoje fiz o que já não fazia há muito, muito tempo.
Sentei-me sem olhar para o relógio e escrevi uma carta a um amigo.
E esta vai ser a minha memória com cheiro a antigo e capa amarelada
durante muito, muito tempo.

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