Thursday, June 22, 2006

Ponto.

Talvez fosse ali.
Precisamente nesse lugar onde nada pode existir.
Nem o pó que sobrou dos restos da guerra,
nem a ferrugem dos cascos de velhos navios.
Nada de nada que lembre os vestígios
ou qualquer traço de humanidade que por ali passou.
Também o tempo aí parou.
Mesmo ele esqueceu as crianças
que correram em tempos pelas ruas
mais estreitas desse ponto sem nome.
Ponto perdido no meio do globo.
Ponto sujo. Ponto abandonado.
Marcado de vermelho pelos projécteis gravados
em todas as paredes de todas as casas.
Em tempos foi notícia em todos
os jornais de todo o mundo.
Hoje não tem guerra, nem bombas, nem filhos
que alguém leve a enterrar.
Hoje não tem nada que o mundo queira lembrar.
Foi em tempos um lugar com vozes
e nunca mais vai ser nada.
Ponto apagado.

1 comment:

Anonymous said...

rachaminova,
acho que sim,
quando é assin é imperdoável
não dar largo azo à criatividade
que por vezes extemporaneamente,
ou mesmo inoportunamente, nos confrange com a surrealidade do efeito de estufa - logo, nos obriga a combater o abafamento
imposto vindo sabe-se lá de onde,
tipo triste fado...
[...] mas tenho de declarar a total e irrevogável aceitação daquilo que a liberdade de expressão sentida nos impele
a comunicar com aqueles com quem de alguma forma nos relacionamos social e ambientalmente.
1Abração
pedro